Santa Cruz

SANTA CRUZ

Da montagem do elenco à rotina sem CT: os desafios de Vinícius Eutrópio no Santa Cruz

Novo treinador tricolor desembarcou no Recife e agora vai precisará lidar com infraestrutura e recursos escassos para levar o time às conquistas em 2017

postado em 18/12/2016 14:01 / atualizado em 20/12/2016 20:21

Reprodução/Internet/Site oficial do Santa Cruz
A missão de Vinícius Eutrópio no Santa Cruz não é das mais simples. O técnico já desembarcou no Recife e vai ainda sentar com a direção para alinhar ideias e definir diretrizes para seu trabalho na temporada 2017. Mas certo é que o treinador precisará lidar com problemas espinhosos no clube. Encarregado de montar uma equipe praticamente nova para o ano que vem, terá pouco dinheiro para fazer imprescindíveis contratações que reforçarão um elenco que não conta mais sequer com as suas principais lideranças.

Obrigado a trabalhar com atletas das categorias de base, conforme foi solicitado pela diretoria, Eutrópio será mais um comandante que irá tentar implantar uma metodologia no clube sem um centro de treinamento à disposição. A conquista do bi estadual e regional, além do retorno à Série A no segundo semestre, estão diretamente ligados à superação (ou o abrandamento) de todas essas adversidades.

Formar um novo time com orçamento reduzido
Antes mesmo de terminar a Série A, o elenco do Santa Cruz já começava a sofrer desmanche. Keno e João Paulo encabeçaram a vasta lista da debandada. Tiago Cardoso Grafite também não demoraram para deixar o Arruda e saíram uma rodada do término da competição. Hoje, o grupo de atletas com contrato vigente para 2017 é formado pelo experiente Derley e uma enxurrada de pratas da casa. O Tricolor precisará começar praticamente do zero.

O dever da remontagem cabe a Vinícius Eutrópio, que não poderá gastar muito para isso. Nas cotas de televisão, principal fonte de receita do clube, haverá um corte substancial: os R$ 23 milhões anuais passarão a ser por volta de entre R$ 5 milhões e R$ 7 milhões. O orçamento para 2017 passará de R$ 30 milhões para R$ 13 milhões ou R$ 14 milhões. A folha salarial mensal do elenco, que era de R$ 1,3 milhão na Série A, tende a ser na faixa de R$ 650 mil no início de 2017, contrariando até uma projeção um pouco mais otimista feita pelo presidente Alírio Moraes ainda no fim do Brasileiro, de R$ 800 mil.  

Trazer novas lideranças ao elenco
O Santa perdeu todos os seus capitães para a próxima temporada. Além de já não contar mais com Tiago Cardoso, João Paulo, Uillian Correia, Grafite, o clube pode não ter mais Danny Morais e Léo Moura - com contratos encerrados e que ainda vão negociar as suas respectivas renovações com a diretoria. Diante da crise financeira no Arruda, foram muitas destas lideranças - regidas por Grafite e Danny - que contornaram nos vestiários problemas de atrasos de salários. Eutrópio precisará encontrar no mercado nomes com esse perfil para exercerem papel de influência dentro e fora de campo. Ex-Náutico, o goleiro Júlio César foi procurado pela diretoria e pode ser um dos nomes para a função.

Aproveitar pratas da casa entre os profissionais
Uma das políticas do departamento de futebol do Santa Cruz para 2017 é bem clara: aproveitar ao máximo os jogadores formados na casa. Sem caixa para fazer grandes investimentos em contratações, os pratas da casa terão mais espaço que tiveram nesta temporada. O goleiro Anderson Ávila, o lateral esquerdo Eduardo, o zagueiro Thawuan, o meia João Victor, o meia-atacante Léo, o atacante Robinho foram promovidos antes do último jogo da Série A e se juntam a outros seis atletas da base que permanecem elenco (Miller, Lucas Silva, Walter Guimarães, Wellington Cézar, Marcílio e Williams Luz). Além deles, o clube dispõe do meia Gabriel Leite e do atacante André, vindos da base do Atlético-PR e que integraram também os profissionais. A tarefa de Eutrópio é detectar qualidades neles todos, lapidar defeitos e tentar encaixá-los na equipe.

Trabalhar sem um CT
A falta de um centro de treinamento rendeu queixas dos últimos treinadores do Santa Cruz - Doriva, Milton Mendes, Marcelo Martelotte e Ricardinho. Vinícius Eutrópio também vai precisar treinar o time na estrutura do Arruda. O CT coral segue sem previsão de conclusão. No começo do mês, se iniciou o processo de limpeza e terraplanagem no terreno - que margeia a PE-016, em Camaragibe, e chega até o bairro da Mumbeca, em Paulista. O processo termina ainda neste ano. Um campo oficial, cujo tempo de construção varia de três a quatro meses, é a prioridade e deve ser a primeira estrutura construída no local. Mas a finalização desta parte da construção, que tornaria o lugar já utilizável, depende de escassos recursos financeiros, administrados pela Comissão Patrimonial.

Reencontrar o caminho das conquistas… e longe de Florianópolis

Eutrópio concentra as suas conquistas como treinador no futebol catarinense. Mais especificamente, pelo Figueirense, onde conseguiu subir à Série A, em 2013, e foi campeão estadual, no ano seguinte. Há dois anos sem títulos ou acessos, o treinador terá que reencontrá-los no Santa Cruz e conseguir os seus primeiros feitos como técnico longe de Santa Catarina.