Coordenador geral do núcleo de gestão do Santa Cruz, Roberto Freire comanda uma equipe que dita o futuro do clube. Criado em janeiro, esse novo departamento administra todos os gastos do clube. Todas as decisões do futebol, inclusive, passam diretamente pelo orçamento pré-estipulado. Ao longo desta temporada, por exemplo, ficou acertado que departamento de futebol não poderia ultrapassar o teto de R$ 250 mil para o elenco e R$ 140 mil para a comissão técnica. “Evidente que em determinado momento do ano, o futebol chegou a mais. Teve meses que foi a R$ 280 mil, mas em outros meses ficou em R$ 180 mil. De forma a que a média não tenha passado do teto determinado”, explicou Freire.
Em toda temporada, o clube conviveu com um “risco calculado”. Em média com um mês e meio de atraso nos salários do futebol e sem fontes de recursos capazes a levar a um superávit no mês, o Santa Cruz viveu basicamente de financiamentos. Em janeiro, iniciou o ano gastando três vezes mais do que faturava. Ao poucos, foi diminuindo despesas. Neste mês de setembro, a conta passa a ser equânime. “Vamos chegar em dezembro pela primeira vez na história recente com o equilíbrio financeiro estabelecido. Significa que vamos ter pago todas as contas e vamos estar em dia com todo mundo do ano de 2018”, garante o engenheiro Roberto Freire.
Dívidas
Fato que não deixa de ser surpreendente. Afinal, pelas saídas precoces em competições como a Copa do Brasil e o Estadual deste ano, o balanço financeiro do Tricolor deverá apresentar uma receita bem inferior a de 2017, que foi de R$ 15.848.541 - que por sua vez já foi 57% menor que a de 2016. No balanço relativo ao ano passado, o último da gestão do presidente Alírio Moraes, o Santa Cruz atestou um passivo de R$ 65.917.841, com aumento de 5% em relação ao ano anterior.
“Criamos um grupo para administrar os passivos mais importantes, dos quais o mais importante é o trabalhista”, afirmou Freire. Um total de 20% de toda receita que entre no Santa Cruz é encaminhada para a 12ª Vara Cívil do Recife, onde são pagas as dívidas trabalhistas do clube. Fazendo um paralelo para se ter a dimensão do tamanho da dívida coral, o Sport declarou um passivo no último balanço de R$ 183.562.095. A diferença é que o Leão recebe uma receita muito maior - em 2017, de R$ 108.746.936.
Reflexos
Como não exerceu antecipações de cotas, o Tricolor deverá colher o que de positivo plantou no início da gestão. “O Santa Cruz começa 2019 organizado, começa com o equilíbrio financeiro. Então, não vai mais ter história de atrasar salário, fornecedor”, garante Roberto Freire. Desconsiderando o provável reajuste nas cotas, o Tricolor tem como base receber R$ 500 mil pela primeira fase da Copa do Brasil. Da Copa do Nordeste, mais R$ 1 milhão - mesmo valor que o clube recebe para participar do Estadual. A Série C não gera receita alguma, senão ajuda de custos, como passagens aéreas. Além disso, o clube ainda contará com faturamento de bilheteria, patrocinadores, sócios, dentre outros.
Últimas receitas operacionais do Santa Cruz
2011 – R$ 17.185.073
2012 – R$ 13.133.535 (-23%)
2013 – R$ 16.955.711 (+29%)
2014 – R$ 16.504.362 (-2%)
2015 – R$ 15.110.061 (-8%)
2016 – R$ 36.854.071 ( 143%)
2017 – R$ 15.848.541 (-57%)
Passivo
2011 – R$ 69.775.333
2012 – R$ 71.536.863 ( 2%)
2013 – R$ 71.377.478 (-0,2%)
2014 – R$ 72.727.047 ( 1%)
2015 – R$ 77.728.805 ( 6%)
2016 – R$ 62.604.879 (-19%)
2017 – R$ 65.917.841 ( 5%)
Superávit/déficit
2011 ( 1.443.869)
2012 (-692.408)
2013 ( 453.996)
2014 (-1.766.461)
2015 (-3.388.522)
2016 (-3.861.281)
2017 (-4.605.091)

