Santa Cruz

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Recomeço, custo e prazo: entenda os problemas enfrentados na reforma do gramado do Arruda

Clube vem tentando desde 2018 reformar o piso do estádio, mas tem tido imprevistos; atualmente, no entanto, obra está dentro do cronograma previsto

postado em 13/11/2019 20:25 / atualizado em 13/11/2019 20:31

(Foto: Rafael Melo/ Divulgação)
O gramado do estádio Arruda vem dando dor de cabeça aos tricolores e não é de hoje. Após a mudança em 2009 para receber a seleção brasileira, o piso de jogo não havia sofrido maiores intervenções até outubro do ano passado, quando o clube programou nova troca. No entanto, esta acabou sendo feita de maneira parcial - o que voltou a acarretar problemas nesta temporada para o clube.

Em entrevista ao Superesportes, o engenheiro que representa o clube e integra o conselho de gestão, Victor Pessoa, deu uma longa explicação sobre esta reforma no gramado iniciada há pouco mais de um ano junto a empresa Greenleaf. O valor total investido pelo clube gira em torno de R$ 200 mil.

“Essa ação de agora é continuidade de um plano de manutenção e qualificação do gramado. Começou ano passado”, esclareceu. “Não terminou (em 2018) porque tivemos um problema. Abaixo da camada de grama, temos uma camada bem espessa de argila orgânica, que cresceu bastante ao longo dos anos por causa do tipo de corte do gramado. O resto de grama acabava se depositando ali de forma similar a um mangue e acabava gerando uma decomposição argila orgânica, escura”.

Por conta dessa argila, então, a água não conseguia escoar, formando uma espécie de lamaçal. Assim, o clube iniciou um processo para remoção desta. “A gente verificou que a espessura dessa camada de argila era de 7 centímetros, então eu considerei que essa área seria retirada”, disse. Mas não foi bem assim.

“Sendo que quando começamos a escavar vimos que não tinha 7 centímetros, mas 20 centímetros. Então acabou triplicando ou quadriplicando o volume da argila orgânica que tinha que sair e, consequentemente, multiplicou por três ou quatro o tempo e o dinheiro, ou seja, estourou o orçamento”.

Desta forma, o clube conseguiu retirar apenas uma parte da argila e, por conseguinte, colocar uma nova grama apenas nesta região - a parte central do campo é que recebeu esta intervenção, deixando as laterais sem mudanças. “Optamos por trocar uma faixa de barra a barra. Contínuo. Então o campo ficou com uma faixa (do meio) nova sem a argila abaixo”. 

No lugar da argila orgânica retirada, aliás, foi colocada uma areia, denominada também de ‘material drenante’, onde a água escoa sem maiores problemas, impedindo a criação de poças. Para o fim desta temporada, então, ficou predefinido a remoção da argila nas laterais, visando, assim, deixar o gramado todo uniforme - até surgir um impasse.

(Foto: Rafael Melo/ Divulgação)
“Sendo que a fazenda da empresa que nos vendeu a grama do meio (do campo, que foi trocada) não está plantando mais (desse tipo), não faz mais parte do portfólio deles. Então criou-se um imbróglio. Nos venderam uma grama que em menos de um ano para de vender”.

Assim, para deixar o gramado inteiramente uniforme, o clube se viu obrigado a recomeçar, ou seja, fazer uma nova troca do piso - sem antes, claro, retirar toda a argila. “Então fomos atrás de outra grama, mais resistente e aceita, que é a mesma da Arena, dos Aflitos, Fonte Nova, Maracanã”, disse. Mas o prazo para entrega desta estava além dos planos corais. “Mas eles só poderiam mandar na segunda quinzena de dezembro”.

Assim, o clube partiu para um plano C: plantação de mudas. “A empresa contratada e nós do Santa Cruz sentamos e chegamos uma outra opção, que é o plantio por semeadura, então decidimos não plantar por rolo nem por placa. Essa grama vai ser plantada por muda, sendo que numa escala industrial, de grande porte”.[

Na tarde desta quarta-feira, o clube finalizou toda a retirada da argila que fica abaixo do gramado, seguindo o cronograma previsto. “Agora é colocar o material drenante (areia) espalhado e nivelado no campo. E aí, por fim, plantar o gramado”.

Diferentemente do que ocorreu no início deste ano, quando teve de mandar jogos na Arena de Pernambuco, o clube espera ter tudo finalizado antes da estreia da temporada.

“A expectativa da empresa é que o gramado esteja 100% para a prática no início da quinzena de janeiro”, afirmou, ponderando. “São muitas variáveis. Clima, terra. A empresa tem total capacidade de desenvolver o projeto que foi planejado. O que depender do clube e da empresa será feito. Mas não podemos nem cravar ou garantir”, concluiu.