Santa Cruz

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Crise financeira, erros com técnicos e contratações: Santa Cruz cumpre cartilha da queda

Dez anos depois, clube volta à Série C atormentado por problemas administrativos

postado em 11/11/2017 19:55

Ricardo Fernandes/DP
A derrota por 4 a 2 para o Boa Esporte, neste sábado, no estádio Nilson de Melo, decretou o rebaixamento do Santa Cruz para a Série C de 2018. A situação no Arruda era complicada há muito tempo. A zona de rebaixamento era uma realidade já no início do segundo turno. Fruto de erros consecutivos, causados por problemas financeiros e administrativos que assombram o Arruda.

O Superesportes listou algumas razões para o Tricolor do Arruda voltar à terceira divisão do futebol brasileiro. Dez anos depois da primeira à Série C, os tricolores voltam a sentir a sensação do fundo do poço se aproximar.

Crise financeira

Atrasar salários nunca foi novidade no Arruda. É um problema crônico que vem sendo superado ano a ano, mas desde 2016 se agravou. No ano que o clube teve sua maior arrecadação, o Tricolor do Arruda atrasou quatro meses de salários e isso refletiu em 2017. O clube chegou a dever os mesmos quatro meses nesta temporada ao elenco. Alguns funcionários não sabem o que é receber há seis meses. Situação que levou o time a perder três pontos na Série A de 2016 e provocar um alarme de greve em 2017.

Reformulação total do elenco

Do elenco de 2016, poucos atletas como Tiago Costa, Vitor, Roberto, Gabriel Vallés, Wellington Cézar e alguns pratas da casa ficaram no clube. Um problema que fez a direção contratar 35 atletas durante a temporada. Na contramão da administração moderna, em que contratos longos e a formação de uma base são prioridade nos clubes. 

Desde 2011, quando conseguiu sair da Série C, o Santa Cruz vinha mantendo a base da equipe. Mas, após a queda da Série A, não repetiu as lições da temporadas passadas. 

Jogadores em baixa

Nesta reformulação, a grande maioria dos jogadores vinha de uma temporada ruim. Isso ficou claro em pouco tempo quando nomes como Léo Costa, Everton Santos, William Barbio e David não conseguiram mostrar alguma evolução com o andar da temporada. Durante a Série B, novas apostas em nomes como Léo Lima, Bruno Paulo e João Ananias e o resultado foi o mesmo. Falta de qualidade e futebol decepcionante.

Erros na escolha do comando técnico

Paulo Paiva/DP
O técnico que iniciou o ano foi Vinícius Eutrópio. Ele não resistiu ao primeiro momento de crise na Série B. O treinador foi demitido após a derrota por 3 a 1 para o Londrina, no Arruda, mas isso foi apenas o reflexo de eliminações nas semifinais da Copa do Nordeste e do Campeonato Pernambucano. 

A aposta foi que o auxiliar técnico Adriano Teixeira teria condições de comandar a equipe, mas não durou cinco jogos. Em seguida, veio Givanildo Oliveira, que, nos bastidores, é apontada como uma decisão do presidente Alírio Moraes. Experimento que também não deu certo e afundou o clube na zona de rebaixamento. Givanildo dirigiu o Santa em 11 jogos nesta Série B: ganhou duas, empatou três e perdeu seis seguidas. 

Por fim, Marcelo Martelotte chegou como bombeiro, mas não conseguiu melhorar um elenco derrubado por um ano inteiro de maus resultados. 

Os erros administrativos 

O mandato de Alírio Moraes no comando do Santa Cruz foi dividido exatamente ao meio. Os primeiros 18 meses foram inesquecíveis. Dois títulos pernambucanos, conquista da Copa do Nordeste e acesso à Série A. Após o bicampeonato estadual tudo mudou. Período para esquecer. O clube mergulhou em uma crise financeira sem precedentes e o presidente Alírio Moraes foi tentando resolver os problemas sozinho e se isolando cada vez mais. As pesadas críticas o deixaram ainda mais recluso e no momento ele deseja apenas sanar as dívidas para deixar o clube em uma situação mínima de administração.