Santa Cruz

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Marcelo Martelotte lamenta rebaixamento e reconhece influência de problemas financeiros

Visivelmente emocionado, técnico do Santa Cruz fala dos motivos que levaram o clube a ser rebaixado à Série C do Brasileiro

postado em 11/11/2017 21:15 / atualizado em 11/11/2017 22:22

Ricardo Fernandes/DP
Extremamente emocionado, vez por outra embargando a voz, o técnico do Santa Cruz, Marcelo Martelotte lamentou o fim da luta contra o rebaixamento à Série C do Campeonato Brasileiro. A derrota deste sábado para o Boa Esporte, por 4 a 2, e a posterior a vitória do Guarani diante do CRB, por 2 a 1, no Brinco de Ouro, decretaram, matematicamente, a queda da equipe coral à terceira divisão nacional.

“Entendo que a situação (de rebaixamento) do Santa Cruz não passa por esse jogo. Foi toda uma campanha que se mostrou difícil. Quantos jogadores passaram pelo Santa na competição? Quantos foram embora? Entendo que o grupo é bom, mas poderia ser mais forte com a permanência dos que saíram. Teve muitas trocas durante o campeonato. Quantos treinadores passaram? Falando de 35 rodadas, quatro técnicos, não dá dez jogos para cada um. Tudo isso desenha essa situação que estamos vivendo hoje”, afirmou o treinador ao repórter José Silvério da Rádio Jornal.

A chateação do treinador coral estava estampada em seu rosto também por não ter conseguido fazer o clube evitar o rebaixamento. Foi contratado como a última esperança. Na tentativa de fazer o Santa Cruz retomar a caminhada que levou o time de volta à Série A, no ano passado.

“Estou muito chateado pela situação. Quando eu vim há dois meses, muita gente me chamou de louco, pois o Santa era 18º na tabela. ‘O que você vai fazer lá. Tens uma história vencedora no clube. Já foi campeão, subiu de divisão’, questionaram. Muita gente não entendeu. E eu dava sempre a mesma resposta. Estou indo para fazer o que posso para tirar o clube desta situação. Não é por dinheiro porque se fosse não viria. Eu tinha esperança grande de que o trabalho poderia ser feito para evitar a queda. Decepção pelo trabalho. Mas fico realizado por ter tirado até o que achava muito difícil, em momentos complicados dentro do campeonato”, enfatizou.

Crise financeira

Lógico que o momento crítico financeiro do clube não poderia ter deixado de ser lembrado pelo treinador. Martelotte reconheceu que isso atrapalhou bastante dentro de campo, mas ressaltou o profissionalismo de todo o elenco coral, que vem trabalhando duro com mais de três meses de salários atrasados. “É bom a gente lembrar que o assunto principal no clube nos últimos dias foi a possibilidade de greve. As coisas não andam bem. O clube foi notificado, mas os jogadores não pararam até agora. Não se pode relacionar a derrota para o Boa a esta atitude (de uma possível greve). O que posso falar dos jogadores é que foram profissionais ao extremo”.

Sobre um possível acerto da diretoria com o elenco na próxima segunda-feira (existe a possibilidade de quitar um mês de salário atrasado do elenco e mais de um dos funcionários e comissão técnica), o treinador coral ficou esperançoso. “Fico feliz se isso acontecer. Seria triste ver uma resposta diferente disso. Feliz pelos funcionários e comissão, que realmente precisam e passam por dificuldade. Fico feliz pelos jogadores também. Fico triste porque não aconteceu antes. Seguramos muito a cabeça desses atletas de agosto até a semana passada, até a partida com o Náutico. A partir da derrota no clássico foi que se externou essa situação.”, disse.

Marcelo Martelotte ainda fez um desabafo. “Futebol é complicado. Nesses dois meses dificilmente conseguiríamos ter essa resposta positiva (vitórias para evitar o rebaixamento). O clube chegou a esse situação porque transcorreu o campeonato todo assim. E isso se refletiu na campanha que o clube fez.