Renda dos jogos do Santa Cruz no Arruda em 2020 não pagam custeio mensal do estádio

Tendo projetado para 2020 um orçamento de R$ 4 milhões em renda bruta só em arrecadação de bilheteria, de acordo com o blog do jornalista Cassio Zirpoli, o cenário do Santa Cruz, neste início de ano, passa longe das previsões e não é nada animador. Pelo menos até o período em que o futebol não foi paralisado em virtude da pandemia do coronavírus, responsável por suspender todas as atividades não-essenciais do país.

Na prática, somando a arrecadação líquida de todos os oito confrontos disputados no Arruda neste início de semestre, o dinheiro embolsado pelo Santa Cruz em bilheteria foi de R$107.855,84 e não dá para sequer custear a manutenção mensal do estádio coral, orçada em torno de R$110 mil. Número esse estipulado pelo diretor da comissão patrimonial do clube, Ricardo de Paula, procurado pela reportagem do Diario de Pernambuco.

“A gente cuida de tudo que se refere à estrutura, são 30 mil metros de área que você precisa monitorar constantemente. A gente vai dar uma desacelerada agora, necessária, mas vamos continuar atentos ao que for preciso. Em números, a manutenção do Arruda nos custa, em média R$110 mil mensais. A estrutura é grande, a gente paga terceirizados, paga segurança, pintura. Vamos esperar até o dia 31 para avaliarmos os próximos passos que vamos dar neste período de paralisação”, declarou o dirigente.        

Dissecando os números encontrados, o valor líquido de bilheteria com os oito confrontos disputados pelo Santa Cruz, no Arruda, possui um déficit de R$2 mil reais com relação a apenas um mês de funcionamento do estádio. Boa parte dessa arrecadação, inclusive, veio de apenas uma partida. Na ocasião, a estreia do time na Copa do Nordeste, contra o Bahia, em um jogo que também marcou a despedida do goleiro e ídolo da torcida, Tiago Cardoso. O confronto recebeu 16.106 pagantes, para uma renda líquida de R$ 96.723,55. 

O mês que o Santa Cruz mais atuou no Arruda foi em fevereiro, com três jogos (contra Vitória das Tabocas e Salgueiro, pelo Estadual, e ABC, pela Copa do Nordeste). E todos eles resultaram em déficit de arrecadação. Prejuízos que, somados, contabilizam quase R$ 50 mil. Mais especificamente, R$49.695,48. 

Nos jogos restantes, a média de arrecadação continua sendo bastante baixa. Com a exceção do jogo contra o Bahia, a Cobra Coral só contabilizou mais duas partidas com saldo positivo nas bilheterias. Frente o Petrolina, na estreia do Campeonato Pernambucano, e no clássico contra o Náutico, também pelo Estadual. Ou seja, dos oito duelos, em cinco o Santa Cruz acumulou prejuízo com a bilheteria. 

Desses, vale lembrar que a partida contra o Decisão, no último dia 16, foi realizada com portões fechados, já por determinação do Governo do Estado, em combate inicial contra o coronavírus. Mas apesar do jogo não ter movimentado a bilheteria, a despesa deste confronto, foi alçada em R$11.994. Bem menor do que a média de prejuízo do Santa Cruz em jogos com torcida, cujo valor é de R$15.322.  

Comparando o cenário com o do ano passado e também projetando uma arrecadação de R$110 mil mensais, em média, para manutenção do Arruda, o início da atual temporada se mostra ainda mais preocupante. Vale ressaltar que, por conta da reforma do gramado, o Santa só fez a sua primeira partida no Arruda em 2019 no dia 17 de fevereiro. E logo um confronto de grande apelo, em um clássico contra o Sport. 

Na ocasião, o jogo teve um público de 16.483 e contou com uma renda líquida de R$ 172.820,52. De longe, bem superior aos números apresentados no início desta temporada. Em seguida, o Tricolor também disputou um jogo de maior porte e também com um rival. Desta vez foi o Náutico, e valendo uma vaga para a terceira fase da Copa do Brasil. O público foi de 15.288 pagantes e teve uma arrecadação líquida de R$146.633,74. 

No balanço geral, em 2019, usando também o recorte dos mesmos oito primeiros jogos disputados no Arruda, o Santa Cruz lucrou em cinco deles e teve prejuízo em três. Um cenário completamente oposto ao que se desenhou até agora. 

Público: 11.741

R$ 162.420 - renda bruta

R$ 4.110,63 - renda Líquida

Público: 16.106

R$ 215.855,00 - renda bruta 

R$ 96.723,55 - renda líquida 

Público: 6.429

R$ 45.575 - Renda bruta 

R$ - 6.924,92 - Renda líquida negativa

Público: 3.554

R$ 18.725 - renda bruta

R$ - 15.682,47 - renda líquida negativa 

Público: 4.784

R$ 37.135,00 - renda bruta 

R$ - 27.088,09  - renda líquida negativa

Público: 8.155

R$ 117.910 - renda bruta 

R$ 7.012,66 - renda líquida 

Público: 5.230

R$ 45.745,00

R$ - 11.594,85 - renda líquida negativa

R$ - 11.994 - renda líquida negativa