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Os atletas também sentem na pele a crise vivida pelo Santa Cruz. Estão há dois meses sem receber e já chegaram a três. Nada comparado ao atraso dos funcionários, assegura Grafite. “Alguns jogadores estão em situação delicada e isso já é difícil de gerir no vestiário. Fora, os funcionários também sofrem. Eles pedem e a gente procura ajudar da maneira que pode. É difícil chegar para trabalhar e vê-los abatidos, tristes”, disse o atacante. “Já passei por situações difíceis, aqui mesmo no Santa Cruz, no Grêmio, mas não como esta”, completou.
Como Grafite, aqueles mais experientes e mais bem estruturados financeiramente do elenco não se furtam em ajudar financeiramente os trabalhadores. “Nesses dias de treino pela manhã, fizemos um rateio no vestiário e organizamos um café da manhã. Muitos jogadores, meninos da base, também tomam café da manhã aqui no clube.” Por vezes, o veterano centroavante até enche o seu carro de cestas básicas antes de ir treinar no Arruda. “Certo tempo atrás, a minha esposa abriu o meu carro e perguntou o porquê de tanta cesta básica. Eu, o Danny e os jogadores com uma condição procuramos ajudar”, disse Grafite. “A gente não pode deixar de maneira nenhuma esse pessoal sozinho. A nossa briga é por um clube melhor, por resultados, mas é muito maior que dentro de campo”, emendou Danny Morais.
Além dos salários, o Santa deve vales paliativos de R$ 500 prometidos a cada um dos funcionários. Nesta quarta-feira, a comissão que os representam tem uma nova reunião com o presidente Alírio Moraes. Caso a situação não seja minimamente resolvida, os trabalhadores, que já paralisaram as suas atividades no mês passado, prometem deflagrar uma nova greve no Arruda.
Atualmente, a folha salarial com o administrativo do Santa Cruz está em R$ 175.878,00. Já a dos os trabalhadores ligados ao futebol (da cozinha, lavanderia, manutenção do gramado, comissões e analistas de desempenho) é bem maior: R$ 337.527,00. Há ainda outros R$ 82.140,00, referentes aos colaboradores das categorias de base e do futebol de salão. A folha do jogadores, por sua vez, gira em torno de R$ 1,3 milhão.